Gospel | Pequena Reflexão | Lucas 17,10.| escritora Luzia Couto

 Temos que usar a gratuidade da maneira correta, sermos agradecidos, reconhecidos, sabermos dizer “muito obrigado”
“Assim também vós: quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: ‘Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer’” (Lucas 17, 10).A Palavra de Deus, hoje, está nos formando no sentido da gratuidade de nossas ações, porque, infelizmente, somos formados na mania da grandeza, do reconhecimento, de sermos valorizados e exaltados. Se os outros não nos fazem, somos nós quem nos fazemos, que nos colocamos como importantes e nos sentimos como tal; levantamos placas e troféus para as nossas ações.
Perdemos o sentido da gratuidade, perdemos o sentido de que fazer o bem não é prêmio para quem o faz, pois ainda faltam tantas pessoas fazerem o bem!
Fazer o bem é mais do que nossa obrigação, fazer o que é correto não deveria ser exceção, deveria ser obrigação de todos! Pena, doloroso e triste é quem não faz o que é correto e justo. Não pense que você é melhor que os outros, que é mais querido, porque frequenta a igreja, porque cumpre suas obrigações religiosas, faz caridade, dá esmolas e paga o dízimo. Fazemos o que deve ser feito. Sabe, meus irmãos, não é que Jesus não reconheça o que somos. Pelo contrário, Ele reconhece muito o que somos. O que Ele não cultiva nem quer que cultivemos são as falsas ilusões. Ele não quer que cultivemos, dentro de nós, o ego exacerbado, que nos sintamos melhores do que os outros naquilo que realizamos, porque estamos fazendo a nossa obrigação. Imagine você que um bombeiro salve uma criança numa situação de perigo ou salva um gatinho que está em cima de algum lugar. É uma operação difícil, mas o bombeiro não tem que ser recompensado ou promovido, pois ele fez o que deveria fazer. A função de um bombeiro é justamente essa.  Você não deve dizer à sua empregada: “Olha, você vai ganhar um prêmio”, porque ela limpou sua casa. Ela fez o que deveria fazer, ela é a empregada e deve limpar. É claro que temos de ser agradecidos, reconhecidos, sabermos dizer “muito obrigado”. Isso não pode tirar a gratuidade e o reconhecimento que temos para com os outros naquilo que fazem.
O que não pode acontecer é darmos méritos excessivos para as coisas e nos esquecermos da nossa obrigação cotidiana. O bombeiro deve estar pronto, a cada dia, para salvar vidas e socorrer quem precisa, e nós devemos ser, a cada dia, um bom cristão, um cidadão honesto, sabendo viver o que precisamos viver. Existem cristãos, bombeiros e situações excepcionais na vida, mas aqueles que vivem situações excepcionais devem nos chamar à atenção para vivermos nossas obrigações a cada dia de nossa vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário